O local indicado pelo Senhor

Este é nosso segundo post, nele contarei como o Senhor nos indicou o local para onde ir. A Grande Comissão é um mandamento claro de Jesus para a sua igreja. De modo geral, parte do que significa ser uma igreja evangélica é apoiar a propagação do evangelho para os perdidos, os que nunca ouviram ou os que rejeitam a mensagem da cruz.

          Muitas desculpas podem ser dadas para não fazer nada a respeito das missões transculturais. Levar o evangelho aos não-alcançados é caro, desconfortável, inconveniente e, às vezes, até insalubre e perigoso. Há tantas pessoas perdidas à sua volta onde você mora. Você tem tantas necessidades dentro da sua própria igreja. A lista poderia continuar. De fato, existem muitas pessoas perdidas em torno da nossa igreja, na nossa cidade, mas você está aqui para compartilhar o evangelho com elas. Mais de dois bilhões de pessoas no mundo não têm igrejas, nem crentes, nem acesso ao evangelho em qualquer lugar perto delas, elas rejeitam ou nunca ouviram e nunca ouvirão se ninguém for.

 

O Preço

Tá, mas vamos lá, como foi? Na verdade não ouvi uma voz do além, tão pouco um arrepio. Depois daquele turbilhão de duvidas e incertezas que já compartilhei na carta anterior, quando entendi que o tempo de cumprir meu chamado havia chegado, comecei a buscar a Deus para saber onde. Lembro que fazia pesquisa sobre vários países da África e da Ásia, orava, mas em meu coração nada acontecia. Foi aí que o Espírito Santo começou a trazer em minha memória o cuidado e preparação dEle comigo. Ele me fez perceber que, o fato de ter estudado um curso de Mestrado em Instituição portuguesa, ter tido vários professores portugueses, de ter tralhado em uma empresa cujo proprietário português e durante esse tempo ter tido contato com muitos portugueses, tudo isso não passava de uma preparação para o que, o tempo dEle chegaria e se cumpriria em minha vida.

          Não foi fácil. Logo que entendi tudo isso, até eu fiquei com vergonha. Como, com que cara vou falar para as pessoas que vou fazer missões em Portugal? Todos irão pesar que eu quero ir para lá “turistar”. Lembro que eu orava para Deus para que Ele me desse uma Palavra, eu precisava de uma palavra dEle para entender esse chamado para aquela terra. E Ele me deu. A palavra foi INCREDULIDADE.

          A incredulidade em três “agentes”. O primeiro sujeito era eu mesmo. Não conseguia crer e tinha vergonha do que as pessoas poderiam pensar de mim. O segundo sujeito era a igreja. Sabia que iria enfrentar a incredulidade da igreja. Durante esse pouquíssimo tempo em que divulguei o local onde Deus estava me levando, ouvi quase tudo. Palavras que me entristeceram, mas que sabia que fazia parte do meu chamado. Escutei irmãos em Cristo dizer: “Ah, o senhor vai para Portugal? Esse país é lindo! Senhor foi muito esper…”(faltou coragem para completar a frase, mas acredito que você leitor, não completou a frase diferente do que eu imaginei que terminaria essa frase) Ouvi também, “…mas aqui, só entre nós, tu está indo para lá para mudar de vida né? Para dar uma melhor qualidade de vida para sua família.” Já outro falou: “Europa, eu também gostaria de fazer missões lá”. Entendo cada pessoa que, dentre muitas coisas duvidaram do chamado para a Europa. Não os condeno. Faz parte do chamado. O terceiro sujeito é o povo português, que é incrédulo. Bom, esse terceiro sujeito, ainda irei me deparar frente a frente muito em breve.

          Como estou hoje com cada um dos sujeitos acima? Bem, eu já não sou incrédulo, tenho convicção do chamado de Deus para aquela terra. Quanto a incredulidade da igreja (entenda aqui igreja de modo geral) tento mostrar a estratégia de Deus para realizar a obra de missões que é sofrer. Sim, Sofrer não é apenas o preço por estar em missões, é o plano de Deus para realizar a obra. Essa é a estratégia de Deus para a vitória. Jesus estando aqui na terra já nos alertava “Eis que eu vos envio como ovelhas para o meio de lobos” (Mt 10.16) e ainda “Então, sereis atribulados, e vos matarão. Sereis odiados de todas as nações, por causa do meu nome” (Mt 24.9). O seu Filho obteve vitória desta maneira e da mesma forma obteremos vitória. “Eles, pois, o venceram por causa do sangue do Cordeiro e por causa da palavra do testemunho que deram e, mesmo em face da morte, não amaram a própria vida” (Ap 12.11). Eles venceram (não foram vencidos) por meio do seu testemunho e de sua morte. É, Deus enviou seu único filho a terra e fez dele um missionário.

          Sei que não só Portugal, mas todo continente Europeu é um lugar lindo, mas se não tivesse convicção do meu chamado para aquela terra, de nada se aproveitaria toda aquela beleza. Por quê? Porque as paisagens, com o tempo se tornam comuns, as praças lindíssimas ficam vazias a maior parte do tempo por causa do frio e da chuva e por isso não se aproveita para muita coisa. Não aceito a proposta do rei de Sodoma que pode até oferecer riquezas e bem estar, eu prefiro fazer como Abraão que escolheu ficar com as pessoas (Gn 14.21). Cristo não está me enviando para aquele lugar para passear ou contemplar as belezas locais, mas anunciar o Evangelho da Salvação,  “para pregar o evangelho, não com palavras de sabedoria humana, para que a cruz de Cristo não seja esvaziada. Cristo, Sabedoria e Poder de Deus. Pois a mensagem da cruz é loucura para os que estão perecendo, mas para nós, que estamos sendo salvos, é o poder de Deus.” (1 Co 1:17,18)

          Por muito tempo, a igreja do mundo todo enviou missionários para o continente africano e asiático. Por muitos anos esses foram os principais campos de envios de missionários de praticamente todas as igrejas cristãs do mundo, mas se estamos pregando aos perdidos, não podemos esquecer da Europa.

          A Europa é um continente pós-cristão. Em 1900, a maioria dos cristãos estavam na Europa. Eram dois terços dos cristãos do mundo vivendo no mesmo continente e foi de lá que partiram muitos homens e mulheres de Deus para espalhar a mensagem da cruz por toda América. Hoje, a maioria dos cristãos estão na América Latina e África, enquanto que na Europa, a depressão, os ateus, os sem religião, os mulçumanos, estão cada vez mais em maior número. A Europa é como uma mãe que espalhou seus filhos pelo mundo inteiro e que agora envelheceu, está caducando, está morrendo e precisa que seus filhos voltem para cuidar dela.

          Segurar a corda tem sido uma figura poderosa do esforço missionário ao longo dos anos. Ela foi usada por William Carey, que abriu caminho para a Índia em 1792 e via a sua missão como um mineiro penetrando em uma mina profunda, que nunca havia sido explorada, sem ninguém como guia. Ele disse a seus outros amigos pastores: “Eu descerei, se vocês segurarem a corda” e seus amigos disseram: “Ele fez com que cada um de nós jurasse, ao redor da boca do poço da mina, que enquanto vivêssemos, jamais soltaríamos a corda”.

          Missões são muito simples. Existem apenas dois ministérios em missões: você é chamado para descer o poço pela corda ou é chamado para segurar a corda de quem está descendo. Nas duas formas, devem existir cicatrizes em suas mãos. Agora, apresento-lhes as cordas para o seu apoio aqui. Sei que isso é incrivelmente, assustador e maravilhoso, mas é também um privilégio! Somos todos enviados ou enviamos, ou somos desobedientes. Existem aqueles que descem às minas, aqueles que seguram as cordas e aqueles que pensam que isso não lhes diz respeito. Alegre-se por ser a igreja que não apenas apoia, mas intercede e sustenta missionários que estão descendo a mina para levar o evangelho aos povos do mundo.

          É verdade que, a maioria das pessoas não é chamada para longe de suas casas e famílias porque, há um enorme campo missionário em seus próprios quintais, você certamente não precisa ir ao exterior para encontrar um. De fato, você deve atender às necessidades das pessoas em sua igreja, mas há uma diferença entre necessidades reais e desejos/preferências, e a maioria das igrejas do Brasil tem mais do que o suficiente para ambos, para atender as necessidades reais dentro dos seus templos e levar o evangelho para os não alcançados. Claro, fazê-lo pode envolver algum nível de sacrifício da nossa abundância, mas convido você a fazer isso de qualquer forma. Não ignore o imperativo missionário, e faça mais do que apenas verbalmente, contribua financeiramente.

          Quanto às missões mundiais tem lhe custado? Onde estão as suas cicatrizes? Eu estou indo como missionário, para a Glória de Deus e pelo grande privilégio que me foi dado. Convido-o a ir comigo e segure firme o outro lado da corda, enquanto estou descendo. Na próxima carta, contarei mais sobre o grande desafio de Portugal. Idolatria, depressão, ateísmo, bruxaria etc.

          Continue orando por nós. “…a oração do justo é poderosa e eficaz”(Tg 5:16)

          Deus Abençoe.

          Família Lopes

          Aldeir, Nicéia, Daniel e Filipe

          Juntos trabalhando na seara do Senhor.

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